O livro “Em Nome do Povo”, de Bruno Perini, é uma análise profunda e provocadora sobre o papel do dinheiro nas sociedades humanas e o impacto de sua relação intrínseca com o Estado.
Partindo da premissa de que o dinheiro, uma das maiores ficções criadas pela humanidade, possui um poder imensurável – talvez mais unificador do que a religião ou as fronteiras nacionais –, Perini desmistifica como essa criação abstrata se tornou uma ferramenta frequentemente manipulada pelos governos e pelo Estado.
O autor apresenta de forma clara e acessível como o dinheiro evoluiu ao longo da história, desde os primórdios do escambo até o advento das moedas digitais.
Ele mostra que o casamento entre o dinheiro e o Estado trouxe consequências desastrosas, especialmente para a preservação do poder de compra da moeda ao longo do tempo.
Essa perspectiva é apresentada com exemplos históricos e econômicos que ilustram como a inflação, as políticas monetárias irresponsáveis e a constante expansão do aparato estatal corroem o valor do dinheiro, afetando diretamente a vida da população.
Uma das reflexões mais instigantes do livro está na crítica ao papel do Estado como “guardião” da moeda.
Perini argumenta que, enquanto os governos são transitórios, o Estado é uma entidade quase permanente que cresce e mantém sua influência sobre a sociedade, muitas vezes às custas da liberdade e da prosperidade dos indivíduos.
Ele expõe como a confiança depositada nesse sistema – essencial para o funcionamento do dinheiro fiduciário – é frequentemente traída por decisões políticas que favorecem os interesses de curto prazo de governantes em detrimento do bem-estar econômico a longo prazo.
O livro também se destaca por conectar o passado e o presente, traçando paralelos entre práticas econômicas da Antiguidade e os desafios enfrentados atualmente com a digitalização do dinheiro.
A transição para uma economia baseada em moedas digitais, embora eficiente, traz novos perigos, especialmente se o controle permanecer centralizado nas mãos de governos que já demonstraram sua incapacidade de proteger o valor da moeda.
Essa discussão é relevante em um momento em que temas como criptomoedas e finanças descentralizadas ganham espaço nas conversas globais.
Além de ser um alerta sobre a inevitável depreciação das moedas estatais, o livro convida o leitor a refletir sobre soluções alternativas, como formas descentralizadas de dinheiro e investimentos que protejam o patrimônio pessoal contra as incertezas econômicas.
É uma obra que equilibra história, economia e crítica social, oferecendo uma leitura tanto educativa quanto reflexiva para quem deseja entender melhor os fundamentos do dinheiro e seu impacto em nossas vidas.
Em resumo, “Em Nome do Povo” não é apenas um livro sobre dinheiro, mas uma análise incisiva sobre o poder que ele exerce em nossas sociedades e como podemos, como indivíduos, navegar em um sistema que nem sempre trabalha a nosso favor.
Para aqueles interessados em finanças, economia e história, é uma leitura essencial, rica em insights e desafiadora em suas conclusões.
Rodolfo Mrianda
Formado em Administração de Empresas pela FAIT, com pós graduação em Gestão Hospitalar. Criador e administrador do portal Meu Money, grande afinidade com finanças pessoas e investimentos.
